Lavanda, alecrim e mel
Um lugar para sonhar
domingo, 23 de julho de 2017
quinta-feira, 29 de junho de 2017
Direitos autorais
Valesca Santos - 05/05/2015
Edito-me,
se assim for necessário
todo dia
do amanhecer ao anoitecer
sou várias
porções distribuídas
manuscritos
ao longo dos anos
agrego capítulos
minha melhor obra
sou
pois, se não sabemos
se não consideramo-nos seres únicos
primordiais
de nós não renascerá volumes
nem mesmo segunda edição
nada do que existiu será
pois,
o que existiu
não teve validação
nem direitos autorais
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
ESPERANÇA
Quando vier, venha para ficar.
Como a música que ouvimos no bar,
como a noite, que juntos, ousamos abraçar.
Quando vier, venha sem medo,
como o som de nossos gemidos na cama embalada por borboletas.
Quando vier, traga consigo apenas os sorrisos,
deixemos as lágrimas, que separadas produzimos,
verterem na lembrança da incerteza.
Quando vier, estarei aqui, de braços e coração abertos.
Iremos além dos beijos e do sexo, iremos ao infinito
onde somos apenas almas livres.
Valesca Santos - Esperança - 15/11/2016
Foto> V. S.
Como a música que ouvimos no bar,
como a noite, que juntos, ousamos abraçar.
Quando vier, venha sem medo,
como o som de nossos gemidos na cama embalada por borboletas.
Quando vier, traga consigo apenas os sorrisos,
deixemos as lágrimas, que separadas produzimos,
verterem na lembrança da incerteza.
Quando vier, estarei aqui, de braços e coração abertos.
Iremos além dos beijos e do sexo, iremos ao infinito
onde somos apenas almas livres.
Valesca Santos - Esperança - 15/11/2016
Foto> V. S.
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
A EDUCAÇÃO NO FRONT DE BATALHA
Artigo publicado no Jornal Opinião
Encantado/RS em 22 de julho de 2016
“Não,
não temos medo. Queremos aprender” – este é o apelo de uma adolescente de
quinze anos que mora numa das regiões mais pobres e perigosas de Bengasi, no
Front da batalha da Líbia. É lá que uma corajosa mulher trava sua batalha
particular de vencer usando apenas o saber. Fauzia Abeid prossegue dando aulas
às suas alunas sob intenso combate, explosões de bombas e disparos contínuos.
Fauzia
quer dar um senso de normalidade ao contrário da loucura da guerra que desfila
diante de seus olhos, todos os dias e noites de sua vida às suas alunas, que
querem apenas aprender. Elas fazem parte de um grupo de famílias com
pouquíssimos recursos que não encontram condições de abandonar o local e migrar
para outras áreas, distante dos conflitos.
A
escola permanecera fechada durante um ano, sofreu saques e depredações de todos
os tipos, mas em resposta ao apelo dos pais e das próprias crianças, Fauzia
enfrentou seus medos e voltou a lecionar. Com a ajuda das famílias que criaram
um fundo destinado aos consertos básicos necessários para que a escola pudesse
receber as alunas, através de um único acesso possível, um buraco na parede nos
fundos do prédio, Fauzia devolveu a elas, e a si própria, um pouco da dignidade
usurpada, manchada com dor e perdas.
Professora
e alunas trilham diariamente um caminho perigoso em busca do direito à vida, em
meio à guerra que racha o País em dezenas de facções que lutam entre si,
enquanto a educação e o direito de ir e vir fracassa, mas o comércio de armas,
jihadistas, guerreiros tribais e traficantes de pessoas prosperam. “Precisamos
viver. Precisamos de um futuro” – diz Fauzia.
Esta é apenas uma das muitas situações absurdas de uma luta egoísta onde,
para muitos, não existem defesas.
No
mundo há cerca de 124 milhões de crianças e adolescentes sem acesso à educação
básica. A concentração maior está em países onde acontecem conflitos armados e
a pergunta é: como é possível que nos tempos atuais onde a informação
tecnológica avança em ritmo acelerado, milhões de crianças, adolescentes e
adultos, dentre os quais, a maioria mulheres, extirpadas de qualquer direito,
tem suas vidas manipuladas de forma tão vil?
Segundo
a investigadora da Human
Rights Wach (HRW), organização internacional não-governamental
que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos, com sede em Nova
York, Elin Martinez, os fatores responsáveis de decisão de quem pode atravessar
a porta de uma escola e quem não pode é a fraca monitoração e as precárias
políticas sociais contra a discriminação.
Exigência
de propinas, a violência, os castigos corporais, os abusos sexuais relacionados
às meninas e jovens, os casamentos infantis, a condição de refúgio em outros
países, a fome e a miséria extrema estão no topo da lista da evasão escolar e
da exclusão forçada. No Brasil 2, 8 milhões de crianças entre 4 e 17 anos,
estão fora da escola.
Há
metas, como as definidas pelo MEC (Ministério da Educação), de colocar alunos
nas escolas, há projetos para tornar mais acessível a ampliação das escolas, há
crianças com vontade de aprender e professores educadores, no mundo todo, que
querem ensinar. Muitas dessas propostas se extinguem pelo caminho, muitos
desses projetos ficam apenas no papel e na promessa, muitas crianças ainda tem
seus sonhos desfeitos, mas há uma pequena porção que vai além das próprias
forças, que transpõem muros, desviam de balas trocadas, que seguem adiante,
mesmo correndo riscos.
Há
muitas “Fauzias” no mundo, há muitas crianças iguais as nossas que precisam de
nossa voz, de nossa coragem de nossas atitudes para receber o maior e mais
valioso presente: o direito ao aprendizado digno. Fica no coração a esperança
de que nunca mais precisemos pedir: chega de guerras, queremos a paz. Queremos
humanidade.
Valesca Santos
Escritora Romancista
Membro do Conselho Municipal de
Cultura de Encantado
Acadêmica nº 28 da ALIVAT/Academia Literária do Vale do Taquari
sábado, 9 de julho de 2016
NOITE
À noite
úmida
eu saudade
ele taciturno
imagino, sobrancelhas unidas
de repente, lobo
e um ramalhete de flores
coisas estranhas
mais estranhas do que a própria palavra
seriam sentimentos ou breves loucuras?
seria real demais
se eu viesse a descobrir
por isso prefiro a aurora boreal
mágica e encantadora
à dolorida ausência
que aflora na realidade
Noite - maio/2016
Valesca Santos
Direitos autorais reservados
úmida
eu saudade
ele taciturno
imagino, sobrancelhas unidas
de repente, lobo
e um ramalhete de flores
coisas estranhas
mais estranhas do que a própria palavra
seriam sentimentos ou breves loucuras?
seria real demais
se eu viesse a descobrir
por isso prefiro a aurora boreal
mágica e encantadora
à dolorida ausência
que aflora na realidade
Noite - maio/2016
Valesca Santos
Direitos autorais reservados
sexta-feira, 17 de julho de 2015
LITERATURA, LEITURA E APRENDIZADO
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL OPINIÃO ENCANTADO - DIA 17/07/2015
Coluna
mensal do Conselho Municipal da Cultura
LITERATURA,
LEITURA E APRENDIZADO
A literatura é uma
manifestação artística que usa a palavra como matéria-prima extraindo dela seus
múltiplos significados ou usando-a como um instrumento para falar da realidade.
É através dela que surge o escritor, um ser social inserido no povo, o qual
capta situações e sensações recriando essa realidade ou transfigurando-a.
A literatura embora
irremediavelmente ligada à linguagem é livre para exercer o poder de subverter
regras e dar outra significação às palavras na busca de novos sentidos, como
por exemplo, na obra “O livro sobre o nada”,
do poeta Manoel de Barros: “ [...] Eu quero ser lido pelas pedras / as
palavras me escondem sem cuidado” e, segundo o escritor Guimarães Rosa, [...] “a
literatura é feitiçaria que se faz com o sangue do coração humano[...]”.
São muitos os mestres,
os grandes escritores, os meios literários que descobriram que - a palavra é pá
que lavra, vai abrindo sulcos a cada frase concluída como afirma Lenio Streck,
professor, escritor e advogado, apresentador do programa Direito e Literatura,
pela TV Unissinos.
O poder da escrita está
intimamente ligado ao incrível dom que o ser humano tem de aprender através da
leitura, onde nem mesmo é necessário que se ouça a própria voz. Mas a
convivência com a leitura nem sempre é fácil. O ato de ler é uma arte que exige
paciência e dedicação e nos propõe um grande desafio que, se aceito, é capaz de
modificar na nossa psique o ato de pensar.
Pensar é falar indagando,
ou seja, quando pensamos retiramos imagens e forças extraordinárias da nossa
memória e acrescentamos à nossa inteligência e então aprendemos. As fronteiras
que encontramos na realidade da vida não existem no pensamento, porém, deixamos
que as influências adquiridas pela convivência destruam as frágeis pontes recém
construídas ainda na primeira infância, quando - por meios considerados mais
modernos, mas que excluem quase que totalmente o hábito da leitura de livros -
caímos no ócio do pensamento pronto.
A literatura engloba
diversos meios de aprendizado como a família, a escola, o professor, o
aprendiz, o escritor e o leitor e, a beleza da palavra que une esses meios está
na incrível junção, dentro das páginas de um livro, do que é mágico com o
prosaico ou do que é fantástico com o que é simples e comum, real demais.
O livro é a magia que
nos liberta do ócio, da mesmice. É a chave que abre nossa mente, estimula nosso
aprendizado e é forjada a partir de nossas experiências de vida. Allan de
Botton, escritor e filósofo suíço afirma que – a escrita tem o poder de alterar
a criação do ‘eu’.
O que esperam de nós
quando crianças é que aprendamos a ler e a escrever, mas não basta apenas
sermos alfabetizados se não for semeado o prazer pela leitura. Com ele, somos
capazes de perceber o ponto de partida que nos impulsiona a querer aprender
mais e mais, o ponto que ultrapassa o limite do ler e escrever - para ler,
escrever, interpretar e defender sua interpretação. Quem adquire o saber e o
utiliza na busca de mais, entende que, lendo, jamais estará no mesmo lugar e
espaço.
Sabemos que ninguém
pode estar em outro tempo ou ocupar outro lugar senão o que se está agora, mas
são essas as maravilhas da literatura. Através dela o tempo e o espaço deixam
de ser um obstáculo e passam a ser um caminho.
Valesca
Dos Santos Pederiva
Membro
do Conselho Municipal da Cultura
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